quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O gato subiu no telhado...

(Historiador do cotidiano)

É impressionante a quantidade de pessoas que não conhecem a expressão "o gato subiu no telhado". A expressão "subir no telhado" é bastante utilizada para referir-se (de forma irônica) a alguma situação que vai dar merda. Essa frase se origina de uma piada e virou jargão para prenúncio de uma notícia ruim.

A piada original:

"Um casal dedicava especial atenção e carinho a um gato de estimação. Quando fizeram uma longa viagem de férias, deixaram o gato sob os cuidados da empregada. Após alguns dias, a madame ligou e perguntou sobre como estava o gato. A empregada, então, respondeu:

— Seu gato morreu!

A madame, nervosa e desesperada, entrou em pânico. O marido, também, chocado, repreendeu a empregada, dizendo-lhe que deveria ter sido mais cuidadosa e sensível ao dar a notícia. Ele a instruiu sobre uma forma mais sutil de transmitir tais acontecimentos:

— Você poderia começar dizendo "o gato subiu no telhado". Depois diria que ele se desequilibrou. Em seguida, que caiu do telhado e acabou não resistindo à queda. Seria mais sensível.

Semanas depois, estando ainda de férias, a madame ligou novamente para a empregada e perguntou-lhe se tudo estava bem. A empregada, cuidadosamente, respondeu-lhe:

— As coisas estão indo muito bem. Mas sua mãe subiu no telhado..."


Muitas vezes algumas piadas tradicionais acabam gerando termos ou frases que se tornam populares, deixando de ser necessário o contexto da piada para que ela exista. Alguns exemplos estão relacionados abaixo.

Amigo-da-onça
A expressão "amigo-da-onça" é utilizada para referir-se a um amigo falso, hipócrita, também chamado popularmente de "amigo-urso"[20] em referência a uma fábula de Esopo[21]. A expressão tornou-se bastante popular no Brasil a partir dos anos 40, quando o cartunista Péricles criou o personagem Amigo da Onça[22] a partir de uma piada que ouvira, na qual um caçador famoso era questionado por um ouvinte inconveniente sobre como faria para matar uma onça diante de situações progressivamente mais desesperadoras (a arma falha, as balas acabam, a faca fora perdida, etc.) até finalmente desabafar: “Afinal, você é meu amigo ou é amigo da onça?”

"Nós quem, cara-pálida?"
A frase "Nós quem, cara-pálida?" costuma ser usada, de forma irônica, sempre que alguém quer indicar que não será envolvido no problema que o interlocutor está apresentando. Por exemplo, um amigo diz ao outro que eles têm um determinado problema, ao que o amigo responde com essa frase para indicar que ele deve resolver sozinho, pois não terá sua ajuda. A piada em questão envolve o Cavaleiro Solitário e seu amigo índio, o Tonto, que se vêem cercados de peles-vermelhas, de forma aparentemente desesperadora. Tonto reage à frase “Parece que desta vez estamos perdidos, amigo” com o comentário “Nós quem, cara-pálida?”

2 comentários:

Anônimo disse...

As explanações foram bastante válidas. Em busca de uma resposta, me deparei com três...

Hugo Siqueira disse...

Na Índia pode-se ver vacas sobre telhados. Dizem que indianos não comem a carne da vaca por ser considerada animal sagrado. Mas comem touros, que não dão leite.
Esta, a verdeira razão de não comerem carne de vaca. Se o fizessem há muito que não teriam leite, que é preservado com a vaca viva.
Aqui em Minas, quando um assunto fica "batido", dizem que vira "carne de vaca".

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